ArcelorMittal ativa complexo solar em Paracatu com investimento de R$ 895 milhões feito em parceria com a Atlas Renewable Energy. Com a entrada em funcionamento, a totalidade do empreendimento será transferida para a ArcelorMittal, que avança na meta de atingir 85% da energia consumida vindo de fontes renováveis até 2030.
A ArcelorMittal finalizou o novo parque solar Parque Luiz Carlos, em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais — um investimento de R$ 895 milhões feito em parceria com a Atlas Renewable Energy. O projeto representa mais um passo ousado da siderúrgica rumo à autogeração de energia limpa.
Com potência instalada de 320 MW e expectativa de gerar cerca de 74 MW médios por ano, o parque reúne cerca de 500 mil painéis solares e será conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio de uma linha de transmissão de 65 km.
A estrutura do projeto segue o modelo BOT (Build, Operate and Transfer) — ou seja: durante a fase de construção, a joint venture entre ArcelorMittal e Atlas assume os riscos e a operação. Após a entrada em funcionamento, a totalidade do empreendimento será transferida para a ArcelorMittal.
Para o CEO da ArcelorMittal Aços Longos para a América Latina, Everton Negresiolo, o parque demonstra “a capacidade e o potencial da indústria brasileira, seja ela de geração de energia, seja na cadeia do aço”. Segundo ele, trata-se de “mais uma realização da mudança importante no setor de energia no Brasil nos últimos anos. Temos sido protagonistas também nesse aspecto”.
Do lado da Atlas, o presidente no Brasil, Fábio Bortoluzo, destacou que o empreendimento representa “uma nova modalidade de trabalho”: enquanto a Atlas coloca sua experiência em construção, aquisições e gestão de risco, a ArcelorMittal assume, ao final, o ativo pronto e operacional. “A especialidade da ArcelorMittal é usar a energia para transformar em aço. A nossa especialidade é entregar o ativo pronto e operativo”.
O aporte de R$ 895 milhões no Parque Luiz Carlos faz parte de um plano mais amplo da ArcelorMittal, que prevê investimentos de cerca de R$ 5,8 bilhões para que, até 2030, 85% da energia consumida pela companhia no Brasil seja proveniente de fontes renováveis — ante os atuais 61%.
Além disso, a empresa já adota outras iniciativas, como a recuperação de calor e o reaproveitamento de gases gerados na produção, e utiliza sucata para reduzir emissões. As unidades da ArcelorMittal em Tubarão (ES) e Pecém (CE), por exemplo, já operam com autossuficiência energética.
Do ponto de vista financeiro, a energia representa de 5% a 8% dos custos da produção de aço — e a autogeração solar pode reduzir esses custos entre 10% e 30%, de acordo com alguns estudos. Ainda que a ArcelorMittal não divulgue números precisos da economia gerada, o plano também prevê a venda de eventual excedente de energia no mercado livre.
Apesar das expectativas otimistas, o projeto não está livre de desafios. O principal deles é o risco de curtailment — a possibilidade de que a geração seja forçadamente reduzida por restrições do sistema elétrico, quando a oferta excede a demanda ou a rede não consegue absorver toda a energia.
Há também incertezas em relação ao arcabouço regulatório: a vigência da Medida Provisória 1.304 — que flexibiliza o acesso de consumidores ao Ambiente de Contratação Livre (ACL) — é vista como um passo na direção certa, mas considerada insuficiente para dar segurança a novos projetos no setor.



