Geração distribuída acelera no Brasil, transforma o setor elétrico e impõe novos desafios à infraestrutura

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Estudo da Inventta aponta que a geração distribuída avançou além das projeções e já redefine o planejamento do sistema elétrico brasileiro. A expansão acelerada pressiona a rede, amplia o risco de curtailment e exige novos modelos de gestão e integração.

A Inventta acaba de lançar o estudo Panorama da Energia Elétrica – Macromovimentos e Tendências do Setor, um diagnóstico sobre os caminhos da transição energética no Brasil. O material revela que a Geração Distribuída (GD) se tornou um dos vetores mais rápidos de expansão do sistema elétrico, remodelando o papel de consumidores, distribuidoras e investidores.

O estudo mostra que, apoiada pela Lei 14.300/2022, a GD avançou muito além das projeções iniciais, exigindo novos modelos de planejamento, gestão e integração com a rede. Para o Chief Operating Officer (COO) da Inventta, Juliano Cortez, esse movimento não surpreende, mas sua magnitude sim. “A velocidade da GD chama atenção. Mesmo considerando o estímulo regulatório, o ritmo de implantação superou expectativas e coloca desafios importantes para o sistema brasileiro”, destaca.

Ao lado da expansão acelerada da geração, o estudo aponta um ponto crítico: o curtailment ganhou relevância como risco sistêmico, especialmente em regiões com alta concentração de renováveis e baixa capacidade de escoamento. O Panorama mostra que esse fenômeno tende a se intensificar caso a infraestrutura não avance no mesmo ritmo da oferta.

“O curtailment não é apenas uma ameaça. Ele é um sinal de desequilíbrio entre expansão de geração e capacidade de transmissão. Isso exige respostas estruturais do setor, combinando planejamento, digitalização e maior flexibilidade”, explica Cortez.

Mercado livre e Data Centers se consolidam como motores de demanda

O estudo mostra que a abertura do mercado livre e o avanço de Data Centers devem impulsionar uma nova onda de consumo, marcada por exigência de energia limpa, previsibilidade e contratos de longo prazo.

Para o executivo, “Data Centers operam 24/7, têm forte agenda ESG e demandam estabilidade, o que reforça o papel dos PPAs e acelera a busca por soluções que combinem renováveis, flexibilidade e confiabilidade”.

Digitalização e armazenamento: macromovimentos que moldarão o futuro

Entre as tendências mapeadas pelo estudo estão o avanço de medição inteligente, o controle e operação mais flexíveis, automação e analytics aplicados à gestão da rede e expansão do armazenamento como solução para variabilidade.

Embora ainda incipiente, o armazenamento surge como componente potencial para reduzir o impacto da intermitência e criar estabilidade, especialmente em regiões com alta concentração de fontes renováveis.

Reorganização da cadeia de valor e novos modelos de negócio

O estudo mostra que o setor elétrico brasileiro vive uma mudança estrutural: o valor deixa de se concentrar apenas na geração e passa a se distribuir por comercialização, serviços energéticos, digitalização da operação e gestão ativa do consumo. A financeirização do setor e o aumento de novos entrantes reforçam esse movimento.

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